quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Multitarefa é a solução?




Eu cresci ouvindo o  velho  dito  popular  de que é impossível assoviar e chupar cana ao mesmo tempo. Porém, no mundo organizacional, a competência de fazer mais de uma coisa  ao mesmo tempo é  muito  valorizada nos processos de seleção  e de promoção. Portanto, seria preciso rapidamente  esquecer  esse dito. Será?
Sabemos, que no dia a dia, esse tipo de comportamento ocorre frequentemente e virou  lugar  comum:  dirigir e falar ao  celular,  estudar e ver TV, conversar e  olhar aplicativos, caminhar e acompanhar  batimento cardíaco.
O problema é conseguir dimensionar a qualidade e a quantidade com as quais  fazemos  uma coisa  e outra.  Falar no celular e dirigir comprovadamente não tem dado  bons resultados, mas e quanto  aos outros?
Pesquisas recentes[1] mostram que o desempenho tende a piorar  quando o cérebro  se vê obrigado  a  alternar  entre uma atividade e outra que  estão sendo executadas simultaneamente.   Eh!   O que  essas pesquisas indicam é,  que de forma bem feita, não dá mesmo para chupar cana e assoviar.
 A tendência atual de supervalorizar a multitarefa parece ser fruto de dois tipos de pensamento presentes no ambiente de trabalho.
O primeiro baseia-se, claro, no valor dos profissionais mais velhos de que “tempo é dinheiro”.  Assim quer se fazer mais em menos tempo, para se ter a sensação  de  estar ganhando sempre.  No entanto, o resultado muitas vezes é erro, desgaste e retrabalho, além do sentimento  de frustração  de não ter sido capaz de ser um super qualquer coisa.
O segundo pensamento parte de uma tendência da  geração  mais nova de  não querer lidar com a frustração. Buscam, dessa forma, associar uma atividade tediosa ou forçada (por exemplo o trabalho ou a aula)    com uma  outra  prazerosa (ouvir música). Assim  o desprazer  fica compensado e a vida  continua.
Cada um de nós tem que aprender a lidar com o dia a dia  e descobrir a melhor forma  de dar conta das obrigações  e responsabilidades com qualidade e  com menos pressão. Algumas das sugestões abaixo vieram de profissionais que encontraram  esse caminho. Veja se alguma delas  cabe para melhorar seu desempenho:

  •  Use a agenda para listar as tarefas e metas, e também para ir riscando as que já foram cumpridas. Concretamente vai se vendo o que falta e as conquistas realizadas!

  • Priorize e organize mais as atividades que dependem de  terceiros  e  que  fujam do seu controle, assim ficará mais livre  para  deslanchar  sozinho.

  •  Determine prazos racionais: nem tão curtos  que mostram ansiedade e nem tão longo  que   representem uma fuga ou  boicote.

  • Comece o que tem que ser feito.  Não fique esperando a vontade porque  algumas vezes ela não virá, mas assim mesmo  a ação deverá ser realizada.  

  •   Dê um  passo de cada vez. É dessa forma que percorremos grandes distâncias.


Eh! Parece que multitarefa é  mais uma questão de organização e  iniciativa ao alcance de qualquer um , e menos  uma capacidade diferenciada para poucos privilegiados. 


[1] Veja  outros dados  em  artigo  no jornal  Folha de São Paulo de 15/02/2015