quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Não se nasce mulher: torna-se

Essa frase atribuída a Simone de Beauvoir resume as incoerências que cercam as conquistas femininas sociais e organizacionais.
Já se vão 155 anos, quando em um dia 8 de março, as operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova York, ocuparam seu espaço de trabalho para reivindicar por melhores condições.
A reposta foi uma violenta repressão: as mulheres foram trancadas dentro da fábrica e o prédio incendiado, aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas.
Em função desse acontecido, esse dia foi escolhido para representar a trajetória feminina na conquista do respeito, compreensão e valorização. Eu não falo em luta feminina, pois nossa sensibilidade não combina muito com violências, brigas, guerras, essas coisas.
Algumas pessoas, homens e mulheres podem achar que não é necessário um dia específico para marcar essa passagem.
Outras acham que a mulher, atualmente, já conseguiu igualdade de condições e, citam como o maior exemplo termos uma mulher, no mais alto cargo do país.
Perdoem-me os que pensam assim, mas discordo. Compartilho do sentimento de que virão ainda muitos oitos de marços, até que a maioria das mulheres possa se apropriar, verdadeiramente, do sentido de ser ou tornar-se mulher.
Mesmo no ambiente de trabalho, temos avanços, sem dúvidas, mas ainda estamos longe de uma situação não ideal, mas aceitável.
Por acaso acabamos com os preconceitos e a desvalorização no trabalho feminino?
Ou, por acaso não existem assédios, duplas jornadas e desvantagens em relação à carreira?
O dia Internacional da Mulher precisa e deve ser comemorado. É um dia para lembrar as conquistas e para refletir sobre os novos desafios. Um dia para se curtir e sentir orgulho de ser mulher, mesmo com nossas fragilidades, sentimentos, TPM, medos, angústias e desejos.