Fui questionada por uma ex-aluna sobre o último artigo. Ela disse ter ficado decepcionada pela sua proposta
de se encarar o trabalho de forma mais
realista e menos idealista. Para ela o sonho e a ilusão fazem parte da vida e também
da carreira profissional, que deve ser assim norteada.
Concordo com ela em parte. Sem a capacidade de sonhar não
vamos a lugar nenhum. Mas percebo que existem dois tipos de idealização e
ilusão: um que paralisa e outro que impulsiona. Ou melhor, existem duas formas
de encarar a vida como ela é.
O sonho ou a
idealização cumpre o papel de encobrir aquilo que nos falta na realidade. Assim
ao deitarmos para uma boa noite de sono ficamos imaginando mil coisas: o que
fazer com o prêmio da loteria, a viagem a ser realizada, a declaração de amor que gostaríamos de ouvir... Esse é um
sonho que relaxa e que ao mesmo tempo dá
uma sensação de felicidade. E como se fosse
uma descompressão das frustrações do dia a dia.
Mas, existe uma
idealização que é a negação da realidade. Isso é serve para nos distanciar
de fontes potenciais de decepção.
Com ela evitamos os riscos emocionais
presentes na vida, profissional, familiar, afetiva e social. Ora, qualquer trabalho é bom e ruim. Qualquer
relacionamento é fonte de segurança e insegurança.
Existe sim, um trabalho melhor ou pior, de acordo com nossas
expectativas e objetivos. A palavra chave aqui é equilíbrio. Equilíbrio para avaliar o que pode ou não
pesar negativamente em um determinado momento. Tem gente que abre mão de uma
promoção que implica em mudança física, para não prejudicar a faculdade. Tem gente que tolera
tudo, menos a arrogância de um chefe. É
assim, cabe a cada um saber onde colocar
sua idealização, mas sempre de olho aberto para não cair na armadilha do
autoengano.
Cultivar a fantasia de que apenas o prazer deve estar
presente nas relações e experiências profissionais é uma atitude imatura. O
ideal a ser buscado deve fazer das possibilidades do cotidiano e não ser
algo impossível!