Por mais que esteja na moda falar que as empresas estão evoluindo e que o ambiente organizacional está cada dia mais amigável e respeitoso, na prática as coisas não são bem assim.
Se fosse verdade, não existiriam tantas pessoas insatisfeitas
e infelizes que sonham com a loteria ou outra forma de se ver livre. O problema
nas empresas não são as regras, normas, metas, estrutura ou hierarquia,
atributos racionais, previsíveis e controláveis. O problema nas empresas são as pessoas! Tenho
certeza que ao ler essa afirmação, você se lembrou daquele chefe arrogante, ou
da colega emburrada, ou do cliente mal educado, do empreendedor que vive mal
humorado e assim por diante.
Eh! parece, que o homem tem sido muito criativo para
desenvolver tecnologias, serviços e produtos de consumo. Mas, quando se trata de
relacionamento interpessoal o que parece é que estamos desaprendendo a conviver. A falta de paciência e a sensação de
injustiça, impunidade e infelicidade estão por toda parte!
Acredito que a arrogância, a fofoca, a falta de educação, o
egoísmo, a agressividade, a intolerância às diferenças e tantas outras formas
negativas de relacionamento são, na verdade, defesas pessoais. Mal colocadas, isso é um fato! Nascemos com um
sentimento de autoproteção e todas as vezes que nos sentimos ameaçados,
reagimos para nos defender. Como no ambiente
organizacional e na vida social não podemos expressar nossas raivas usando
de agressão física, apelamos para atitudes sutis e veladas.
E você pode estar pensando: mas eu não fiz nada! Esse cara já
chegou aqui se achando, ou ainda, o que eu tenho a ver com a infelicidade dela?
Na verdade, você, eu e muitos profissionais não fizemos nada
diretamente ao outro. Estamos sofrendo de uma doença crônica dos nossos
tempos: o deslocamento. Todo mundo
desconta em todo mundo suas frustrações, ansiedades, medos.
Uma pessoa feliz e bem resolvida vai ao campo de futebol para
se divertir, não para agredir verbalmente um jogador por sua cor ou raça.
O mesmo acontece no ambiente organizacional. Um
profissional que sabe de suas habilidades e competências trabalha para se
desenvolver profissionalmente, e não se importa de desenvolver os colegas e
subordinados. O desenvolvimento de um,
não necessariamente, tem que representar a perda do outro. Essa é uma ideia que
precisa urgentemente ser revista nas relações profissionais.
Muitas vezes é a cultura e os valores da empresa que
incentivam essa disputa interna. Acham que dessa forma aumentam os resultados
quantitativos. Pode até ser, mas com qual preço? Geralmente o preço a se pagar é o
mal estar e a infelicidade das pessoas que descontam nos outros, que descontam
nos outros, e assim por diante. E mais uma vez perdemos todos nós!