quarta-feira, 26 de outubro de 2011

É o inesperado que nos propõe novas possibilidades

A cada dia que passa, vamos sentindo mais necessidade de mensurar, escalar, dimensionar, conceituar e avaliar o mundo e nossas experiências. Isto é, creditar, de forma excessiva, racionalidade e previsibilidade onde, de fato, pouco existe.
Claro que isso ocorre também com a carreira profissional. Tenho lido vários autores que procuram descrevê-la em forma de números, probabilidades e causa e efeito, com o objetivo de diminuir a angústia e a ansiedade das pessoas que diariamente se vêem à volta com o inesperado no ambiente profissional.
Já houve um tempo em que podíamos acreditar nisso: a maioria de nossos pais teve um ou no máximo dois empregos ou atividades profissionais na vida. A estabilidade era um valor tanto individual quanto organizacional, o que determinava relações duradouras e estáveis na vida profissional.
Mas, atualmente isso mudou e muito. Não apenas porque ocorreram mudanças no mercado e nas empresas, mas, sobretudo, porque as pessoas mudaram. Novos valores e desejos aos poucos vêm criando raízes no ambiente profissional: flexibilidade, autonomia, transparência, sustentabilidade, diversidade e parceria estão ocupando o lugar de hierarquia, acomodação, exploração, rigidez e paternalismo.
Hoje, a carreira profissional deve ser vista sob duas óticas. Antes de qualquer coisa, como uma parte da vida total de homens e mulheres que têm variados objetivos e prioridades. Por outro lado, não podemos esquecer que a carreira é uma interrelação de acontecimentos sobre os quais muitas vezes não temos controle absoluto: demissões, casamentos e separações, ofertas irrecusáveis, doenças e mortes são exemplos de fatos que podem levar a carreira por um caminho não anteriormente imaginado.
Achar que podemos fazer o nosso caminhar do jeito que quiser é uma fantasia ou auto-engano que pode levar a muita frustração e sentimento de culpa.
Para evitar essa armadilha, temos que perceber que o caminhar profissional não é linear, como querem acreditar alguns, mas cheio de entroncamentos, rotatórias, desvios, lombadas e etc. Isso porque ela está constantemente se entrecruzando com inúmeras variáveis que podem nos trazer reflexos positivos e negativos.
Por isso, o tempo todo é preciso estar, de alguma forma, preparado para o inesperado. E é aí que o bicho pega. O que garante uma base de sustentação para agir em momentos de crise ou desequilíbrio são as emoções e não a racionalidade. Autocontrole, autoestima, acreditar em si mesmo, noção de realidade, apoio das pessoas próximas são exemplos do que vai fazer a diferença e trazer novas possibilidades.
Quem se preocupa em apenas fazer cursos de capacitação ou networking para garantir o crescimento profissional, pode um dia passar pela surpresa de ser o mais bem preparado desempregado, ou ainda o mais bem relacionado e desiludido com a sua carreira profissional.