segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lições de Saci Pererê

Todos conhecem o Saci Pererê, aquela figura malandra que vive pulando com uma perna só. Esse personagem do nosso folclore serve de inspiração para questionarmos duas posturas freqüentes no ambiente profissional.
1. Como lidamos com nossas limitações?
2. Será que funciona usarmos apenas uma competência para conseguir o que queremos?
Apesar das duas questões serem interligadas e complementares, vamos analisar cada uma em separado.
Cada um de nós temos nossas “limitações” ou, melhor dizendo, nossas características pessoais. Uns são mais extrovertidos, outros menos; uns planejam antes de fazer, outros agem sem pensar; uns são pontuais em tudo, outros vivem atrasados. A lista é enorme e, não cabe aqui discutir qual característica pesa positiva ou negativamente no ambiente de trabalho. Até porque isso varia conforme o cargo, a empresa e até o momento vivido.
Nossa reflexão não é sobre as limitações, mas como elas impactam a vida pessoal e profissional. Muitas vezes percebemos claramente nossa dificuldade, mas não temos consciência da consequência dela sobre os outros, e é aí que está o perigo. Um exemplo simples é a desorganização. Ela pode prejudicar a produtividade dos subordinados, além de provocar nesses, desgastes e estresses por atividades que precisam ser feitas e refeitas, várias vezes. Outro exemplo é a vontade de mostrar serviço. Pode causar em outros incômodos por perda da noção de limite e por interferência em responsabilidades ou funções.
A segunda questão analisa uma falsa crença que alguns profissionais desenvolvem: apoiar-se em apenas uma competência e pensar que ela basta para garantir bons resultados. Ouvi recentemente um gerente desabafar sobre alguns problemas da equipe com o seguinte argumento: “Sou uma pessoa aberta, respeito a opinião de todos, estou sempre dando oportunidades para se aprimorarem e agora...”.
Esse discurso, de forma inconsciente, está na cabeça de muitos profissionais que não se dão conta de que competência nenhuma, por maior que seja, será capaz de sustentar as complexas relações internas e externas no ambiente de trabalho. Por isso é preciso cuidado com uma visão limitada de que o que vale é apenas experiência ou apenas conhecimento, atitude, valores, ou motivação.
Ser brincalhão, irreverente, travesso e andar em uma só perna são as marcas comportamentais do Saci. Como personagem ele se mantém assim no nosso imaginário. Mas, no dia a dia de trabalho a realidade é outra: não dá para querer pular apenas com uma perna, às vezes tem que ser com duas e até três, e sempre de olho na marca que estamos deixando pelo caminho.